Quando um cliente entra em uma loja para escolher um carro, o que ele observa? Em parte, desempenho, autonomia, tamanho, espaço interno e preço. Por muitos anos, realmente era apenas isso. No entanto, o fato é que, hoje, essa resposta transcende as funcionalidades mais óbvias e leva a atratividade a outro patamar. Um produto precisa ser atraente o suficiente para ser percebido, admirado e até desejado, quando se torna referência para os demais, ao atingir o grau máximo de impacto sensorial. Existe uma transferência de valores a ponto do produto representar seu usuário que também assume os valores do produto.

O carro transfere tudo o que ele representa simbolicamente ao usuário que por outro lado, quer se ver representado por ele, seu estilo de vida, suas convicções, sua personalidade, suas aspirações.

Aqui, no entanto, cabe uma pergunta: como agregar algo tão subjetivo ao produto que irá, muitas vezes, definir a decisão de compra frente aos concorrentes? Existe uma série de elementos que o produto precisa concentrar para ser atrativo. É nesse contexto que o Design de Produtos se apresenta como forma de reunir todos esses pontos e criar uma unidade que faça sentido e, assim, seja percebida pelos clientes.

Esse trabalho começa por aplicar os princípios básicos do design: harmonia, proporção, equilíbrio, hierarquia, contraste, composição, movimento e unidade. Esses elementos são responsáveis por construir a percepção que os clientes terão em relação aos produtos. O primeiro deles, por exemplo, garante que os itens conversem bem entre si, concordem uns com os outros e com o contexto no qual estão inseridos.

O design de produtos também trabalha para construir uma coerência formal. Na prática, isso garante que todas as partes sigam o mesmo critério, o mesmo nível de solução e a mesma coerência construtiva, na qual cada elemento segue seu propósito dentro da mesma identidade.

Depois de garantir essa composição, fica mais fácil chegar à qualidade percebida, ou seja, aquilo que reconhecemos como tendo sido bem executado, com os materiais mais adequados à funcionalidade escolhida. É o caso de uma frigideira vendida como uma peça resistente. O cliente precisa acreditar nessa promessa muito antes do uso, avaliando se o metal e o revestimento são os mais adequados, se a forma como os materiais estão dispostos transmitem rosbustez, formando um conjunto coerente.

O trabalho do design também tem responsabilidade sobre a coerência estratégica do produto. Isso considera sua inserção no contexto econômico e a relação de valor e custo adequado à sua estratégia de posicionamento no mercado, pois esses elementos estão ligados às escolhas feitas na composição da peça.

Em sintonia com o seu tempo

Junto a tudo que falamos até aqui, ainda há um fator primordial. Um produto não será atrativo se não estiver conectado ao seu tempo, considerando, além da estética, todos os fatores que isso implica, como a tecnologia e funcionalidades. A longevidade vem do quanto ele expande sua capacidade de ser relevante e se manter atrativo durante muito tempo. Além de ter potencial de antecipar o futuro, ajudando a construí-lo agora.

Pensando nisso, além de garantir que os novos produtos tenham essa característica, é importante atualizar constantemente o portfólio, sempre reciclando a mentalidade da empresa. Em resumo, tudo deve estar sintonizado com as tendências que prevalecem no mercado.

Tudo isso junto determina se o cliente vai ou não gostar do produto e exige alto grau de compreensão do que vai acontecer em termos de significado, do que o representa para cada pessoa aquele produto.

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